quinta-feira, 25 de abril de 2013

E nossa seleção!!!!!



O futebol brasileiro nos encantou e ao mundo pela sua criatividade. Colocávamos para fora, espontaneamente, toda a nossa alegre criatividade, pois jogar bola era puro prazer naqueles campinhos de pelada.
Pura arte. Garrincha era a alegria do povo: irreverente, intuitivo e desconcertante. Unanimidade nas seleções de todos os tempos. A ciência russa (se é que o fato existiu) não conseguiu detê-lo. Assim éramos nós, brasileiros, cuja criatividade sempre foi exaltada, em último caso por não dispormos das ISO 9000 da época. O futebol era um reflexo do país.  Não era necessário planejar, estudar táticas e movimentos. Dizem que o técnico Feola dormia durante os jogos.
Exaltação ao individualismo e à maestria solidária tipo Mestre Didi, para quem a bola é que tinha que correr e não o jogador. Um passe de quarenta metros era um lampejo de momento, não uma jogada ensaiada. Genialidades reconhecidas. Heróis da história, mas também do passado. A partir desse rascunho ganhamos cinco Copas do Mundo.
E os adversários? Tirante os hermanos argentinos e uruguaios, os três vinho da mesma pipa, criticávamos a falta de cintura dos europeus, o jogo duro, o exagero físico. Só que eles, como tinham pouca arte, investiram na ciência. Pesquisaram, mediram, cronometraram, estilizaram, organizaram, viraram gestores da diversidade e foram assim compensando a baixa intuição com elevada inteligência aplicada. E nós ainda achando que nosso manancial de craques seria o antídoto mágico para tal evolução. Lembram-se do carrossel holandês? E das Copas que perdemos? A criatividade pode estar no sangue, mas a inovação vem pelos poros.
É por isso que Pelé é o maior. Conseguia, como ninguém, somar arte e competência (hoje diríamos visão sistêmica).
E a atração, retenção e desenvolvimento de talentos? Craque nasce feito! Descaso de estruturar uma atividade com profissionalismo. As vitórias não levavam à reflexão; só à exaltação. Hoje achamos que os talentos se fazem em casa. Pena que, no futebol, vão para fora e voltam no ocaso. Basta nosso time ser campeão para passarmos os melhores adiante ou pagar uma fortuna por apenas um ano de contrato. Zero de preocupação com a formação humanista dos potenciais precoces. É incrível que depois de tamanha e tão longa liderança mundial o Brasil ainda insiste em manter padrões desprezíveis de gestão esportiva, um misto de paternalismo do Século XIX e oportunismo espetaculoso. Para nossos dirigentes, globalização é exportar jogadores. Deram as costas para o futuro.
E os nossos líderes profissionais, os "professores"? Quando um deles é estudioso, a mídia especializada, boquiaberta, arregala os olhos e alardeia como uma virtude de poucos. Os técnicos disciplinadores são respeitados, desde o inesquecível Yustrich, como se isso fosse o padrão de liderança adequado. Uma equipe é uma equipe, dentro e fora das linhas, como em qualquer outra forma de atividade produtiva.
Esqueceram-se de que os atletas também mudaram, assim como os consumidores, isto é, a torcida. Nossa cultura esportiva é de manutenção (em time que está ganhando..., mas nem isso mais) e olho no retrovisor, jamais de inovação.
A arte não mais brota do chão. A ciência não resolve tudo. Simbiose. Investir em ambos. É bom acordar enquanto há tempo.

Um comentário:

  1. nossa caetano voce esta tão diferente é no campo do andorinha

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